Verdade ou História?...
Estranho acontecimento:
Vejo o mundo de cabeça para baixo...
Borboletas cantam como as cigarras
E estas auxiliam as formigas...
O lado azul onde me banhei
Tornou-se triste como a noite
E na minha noite não há lua,
Nem estrelas: há uma luz
Que parece um sol
E canta...
No amanhecer, sobe a lua
Com os seus luzeiros
E eu fico pasma
Sem nada entender...
Não há aranha tecendo sua teia,
Mas uma fada
Vestindo prata...
Gnomos aparecem e sorriem
E duendes cantam canções desconhecidas,
Enquanto Pégasus me convida
Para um passeio alado
Em suave cavalgar...
Em um riacho de prata
Ondinas e nenês-d’agua
Cantam como sereias
Em um doce encantar...
Eu me vejo, num repente,
Com asas para voar...
Pégasus me indica o caminho
E, lá de cima,
Vejo centauros
A cavalgar...
E quando me olho
Vejo-me vestida com um longo véu
Nacarado de estrelas
E rebordado de pérolas
Como se fossem o corpo meu...
Quem sou?
- Não mais sei...
Há uma festa na floresta
Onde uma Rainha
Procura um Rei...
Mas ele foi enfeitiçado
Por um grande feiticeiro...
Pergunto: Como quebrar o encanto
E o Rei aparecer...
Uma voz esganiçada
Ri, às minhas costas,
E diz como o corvo:
“Never more! Never more!...”
Uma coruja branca chora
Enquanto me aponta
Um grande punhal....
A coruja pia
Devagar
E eu entendo sua fala
E ela me diz:
- Sua vida pela tua!...
- Morrer para fazer feliz uma Rainha?...
- É necessário – responde a coruja...
É o único jeito...
- Pois que assim seja!
O que é uma vida
Para tornar alguém feliz?...
Pássaros noturnos acordam
E em grande algazarra
Me tomam pelos longos cabelos
E me depositam
Na Pedra do Sacrifício...
- Tenho medo? Não...
O punhal me dilacera o peito
E o sangue quente escorre...
E de minhas entranhas
Sai um Príncipe que se torna Rei
Para ser feliz com sua Rainha...
Minha visão escurece
Faltam-me as forças...
Mas uma enorme Paz me envolve
E consigo ver
Num último suspiro
E na borrada visão
Que meu amor
É feliz com sua Rainha!
Isto é tudo o que eu sempre quis...
Adormeço...
Uma noite sem sonhos,
Mas feliz...