Pelos buracos com água
Nunca os vi fora da vila,
Da vida de buraco,
Da faixa de casas cercadas,
Da cidade por todos os lados,
Nada com que importar,
Nada do futuro a pensar,
Para não saber, perder o ar,
Sem assumir a tal responsabilidade,
Uma roleta brasileira,
O crime sobre o asfalto,
A falta da escopeta,
A faixa preta sobre a alma,
O queimor do lar da rua,
Sobre a lua o cão anda de duas patas,
Com aquela luz a cortá-lo inteiro.
A rua nada mais é.
A vida se foi em estrondos de bombas,
Tiros no verão,
Homem em pânico absurdo,
Luto e lamento pleno e plano,
Morrer mártir para partir bem,
Não mais aquilo que não tem,
O craquear até acabar as estrelas.