Azul liberto num céu desperto...

Azul liberto num céu desperto...

Azul num céu confinado

se debate triste nos quadros medievais.

Bruegel aflito, perdido,

rostos pasmos, assustados,

no inferno eterno, nas masmorras do infinito,

de horríveis armadilhas em conflito,

pro corpo, mente demente,

por tudo o mais ainda não ser,

pra alma doente em prisões do saber.

Surreal, azul liberto num céu desperto,

põe o homem numa bike,

sonda espaço a céu aberto,

dá de cara com uma kombi

florida, nada contida,

colorida liteira festiva

carregando patriarcas,

Nossa Senhora e o Menino,

dançando com outros tantos,

na alegria o desatino.

Sai a bike pelos ares, como pássaro

liberto, em piruetas num salto,

mergulhando a eternidade, de sonhos a realizar.

Sobrevoa a realidade, na relva

um som manero, carneirinhos ao seu lado

pastam despreocupados, cai no mar.

Vai a Kombi de sombrinha,

em paraquedas aberta,

pega carona em balão, bam-ba-la lão...

Um barquinho passa leve,

velejando com os anjos que jogam um volei bol.

De raspão a ave trisca, em razantes delirantes.

Adrenalina! Azul fascina!

Cruza o sol que pega fogo,

ilumina a escuridão do coração, aterrissa o balão

na Babel que de papel, nada tem de divertida,

faz a soma na loucura...seja sadia ou perdida...

Se o universo deste quadro me amedronta no que foi,

sei também que ele conspira a meu favor.

Do meu medo, meu abismo todos bebem...

Vale o azul, no liberto consciente,

inconsciente???

Vale a vida do possível,

em conquista e desafio....

Tudo por um fio.

Gaiô.