Órbita externa
Por entre os dedos da mão
Tem unha, pele e caneta
Papel também, mas
Palavras, se me não dá na veneta.
Por um momento me tenho
Como que num pesadelo
Pois não consigo lograr
Nem meio termo ou inteiro.
Nos quais pudesse emitir
Isto que em mim já corrói
Pois o que venho a sentir
Se não externo me dói.
Dói como a dor de querer
O que se pode e não tem
Se já me não dá palavras
Dado me é fato ao desdém.
Ceder, contudo não posso
Pois que de mim já não passa
Só temo que se demore
E só me reste fumaça.
Da inspiração que ao poeta
É dada neste momento
E que tão dispendiosa
Torna-se dos argumentos.
Então falei do que penso
Com os aparatos que pude.
Usar os termos mais simples
Foi só questão de atitude.
Lindo Holanda
06 / 009