Versos de Insanidade
Sangram as mãos.
Foram muitos socos
contra “pontas de facas”.
Havia alívio em se livrar
do sangue aprisionado.
Parecia desfazer-se
de um nó dolorido
que lhe travava a garganta.
Conseguira uma reação, sem nexo,
sem sentido, mas uma reação.
Pensamentos obscuros,
como nuvens carregadas a chocarem-se,
dor de cabeça. São muitos raios e trovões.
O estômago parece ter optado
por um processo autofágico.
O ego dilatou-se demais
e agora quer devorar a objetividade.
Embora a dor denuncie
a presença da cabeça,
o crânio parece estar vazio,
a sensação de
que o cérebro foi embora,
neurônios dormentes unem-se
a uma morbidez de atitudes.
Uma passividade perversa estimula-lhe
a ocupar-se com algum vício.
Olha para o maço de cigarros,
tarde demais, foram-se todos.
Imagina beber algo,
mas o fígado pede clemência,
então deixa os copos vazios
e nesta falta encontra afinidade.
O olhar inquieto busca algo,
não encontra,
em verdade nada procura,
teme por isto.