O poeta está morto
Ele quebrou o próprio braço para cessar o que sentia
O reflexo de suas dores nas manchas negras de papel
Ele não mais recorrerá à sombra para transpor seus versos denovo
Pois agora ele está morto, caído sobre o ponto final
No lago congelado do cisne negro, ele brilha pálido e eterno
Como uma estátua cinza de cristal
Não há nada agora, além da lua e das águias
que sobrevoam seu túmulo abissal
Lá se vai seu corpo, lá se vão seus poemas
Permanece a tristeza congelada com o mal
Sorte negra da salvação
A sua última oração
Espíritos, salvem-me da reverberação dos sentimentos
Arrastem-me para a sombra, meu último requiem
Espíritos, bebam minha dor, respondam meu clamor, que em vida busquei desesperado
Ao fechar os olhos poderei descobrir o grande mistério da vida?
Por longos milênios eu tenho esperado.