Pés e costas

Penso e me arranjo

Vivo no limbo

Pérpetuo abandono

Limpo as janelas dos castelos de areia

Recolho o lixo de sonhos perdidos

Enterro os corpos apodrecidos das ilusões

Não faço diferença

Apenas mais uma cabeça baixa

Num rosto sem foto

Enquanto as damas da corte

Desfilam penteados e vestidos

Sobre tapetes de flores bordadas

Os pajens sacolejam

Animais com vermes

Eunocos com abanos

Fujo da galeria de horrores

Dedos repletos de anéis

Caminho sem direção

Estradas no horizonte

Postes fincados nos morros

Sombras a cochilar nas moitas

O asfalto come a borracha

Cheiro de gasolina e óleo

Nos acostamentos corações despedaçados

O amor arde

Chama que queima

Até virar cinzas

Os melhores tempos florescem

Nas paixões de adolescentes

Brasas ao vento

carlos assis
Enviado por carlos assis em 06/06/2009
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