Pés e costas
Penso e me arranjo
Vivo no limbo
Pérpetuo abandono
Limpo as janelas dos castelos de areia
Recolho o lixo de sonhos perdidos
Enterro os corpos apodrecidos das ilusões
Não faço diferença
Apenas mais uma cabeça baixa
Num rosto sem foto
Enquanto as damas da corte
Desfilam penteados e vestidos
Sobre tapetes de flores bordadas
Os pajens sacolejam
Animais com vermes
Eunocos com abanos
Fujo da galeria de horrores
Dedos repletos de anéis
Caminho sem direção
Estradas no horizonte
Postes fincados nos morros
Sombras a cochilar nas moitas
O asfalto come a borracha
Cheiro de gasolina e óleo
Nos acostamentos corações despedaçados
O amor arde
Chama que queima
Até virar cinzas
Os melhores tempos florescem
Nas paixões de adolescentes
Brasas ao vento