O Enigma dos Loucos
 
Inquietações das vísceras.
O estômago quer vitimar-se,
num processo de autófago.
O cérebro parece um velho casarão
cheio de portas e janelas.
Em meio à caixa craniana
existe um vento
com estigma de torturador.
Batem, sem parar,
todas as portas e janelas.
A cada choque nos batentes
a cabeça parece implodir em dor.
O desenho da face, antes indiferente,
ganha graves traços de raiva.
Uma barragem a represar águas,
a agressividade contida.
Um impulso desesperado de esmurrar
que precisa ser morto.
Na urgência dos lépidos,
evitar a concretização do ato insano.
Casarão de muitas paredes,
para cada uma,
também um quadro.
Fotografias da realidade.
Pinturas de algum gênio,
ou borrões decorrentes
da falta de talento?  
Sabe-se lá.
Sabe-se haver um algo qualquer
em bela moldura de hipocrisia.
Seria esta moldura como terra
que tenta conter a erupção vulcânica?
Lava de loucura,
rica em minerais lúcidos,
pobre de ordem.
Iminente desastre:
por um fio,
a catástrofe em potencial.
Um riso sarcástico
diz que é necessário
racionalizar a loucura.
E a loucura?
Não está nem aí com a razão...!
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 31/05/2009
Código do texto: T1625115
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