FRIA CARICATURA
Frias faces de todos e de ninguém,
Que agridem a mim e a você também,
São rostos de mais alguém...
Aqueles que nos entretém.
Porque são faces que convém,
Gélidas aparições que nos aquecem.
São marcos, traços, que se prevêem,
Não mais seriam, as que nos detém.
São faces tortas e tão certas,
Que namoram outras, tão incertas...
Faces de fases que deixam alertas,
Embora estejam sempre abertas.
As faces frias com seus poréns,
Passeiam livres também reféns,
Ao se tornarem noutro alguém,
Riem tristonhos como convém.
As frias faces vão mais além,
Nascidas, aqui, ali, em Matusalém,
São a arte e a vida também,
De quem desenha e de quem é alguém!
Se representa ou desdenha, não abstenha,
O fato é que - a criatura. Sim, se aventura.
Parte é teatro, parte é retrato,
O seu legado é caricatura.
Dueto: Nice Aranha & Hildebrando Menezes
Nunca antes havia lido um comentário tão perfeito quanto este
que resumiu de forma suscinta o poema e por isso mesmo merecedor
de constar ao pé dele:
" Mas o que é o homem poeta! se não um amontoado de cultura alheia numa capsula de carne cheia...
Enviado por PIERRUT em 28/05/2009 04:07"