Esquecerei
Dor infinita neste olhar desperto,
um olho que vê, um olho que se esquece
entre prantos domados que se cronificam
e aprendem a sofrer e ser resignados.
Minha voz sangra em desabafo
e se me calo, pelo mundo sinto-me enganado,
reinvento a vida, procuro a alegria
e assusto-me ser palhaço de novo,
abrir as cortinas, iniciar o jogo, começar o dia.
Calo todos os discursos
e em cético labirinto me recolho,
ponho a alma de molho
e pago para me ter triste de novo n’alma.
Quando eu morrer, serei alegre
e longe de mim estarão as ânsias malvadas
e não mais farei versos tristes como estes
e se sobreviver, de ti não saberei mais nada.