Rotina

Rotina

A rotina de exercícios,

A rotina de um velho

E de uma varanda.

No início da imensa avenida

Flexões contra o parapeito,

Alongamentos:

Braço esquerdo,

Braço direito.

Mais uma da rotina:

Uma olhadela para baixo;

Uma cuspida

E uma nova olhada.

No rio de gente,

Nenhuma perturbação.

Uma gota de fluído humano

Não incomoda o Amazonas.

Um sorriso

E a duvida diária:

Teria errado o alvo?

Ou no meio do caminho,

O cuspe teria evaporado?

Mais exercícios:

Vários polichinelos,

Novamente o parapeito.

Mas agora a quebra da rotina:

Um salto.

Depois o baque solitário.

Dessa vez o rio é perturbado.

Pouco,

Mas perturbado.

Com a quebra da rotina,

Algumas pessoas param.

Olham aquela cabeça,

Que perseguida por uma duvida,

No fim da vida acabou quebrada.

E ela continua,

Não para ele,

Mas continua

Teria errado o alvo?

Ou, no meio do caminho,

Apenas teria evaporado?