ICEBERGS, RATOS E SENTIMENTOS

Não tenho navio quebra-gelo

Meu barco diminuto é de fibra;

seus remos são de fibra, mas se desgastar,

tenho comigo a fé

Entendo por força maior,

sua explicação, não é sucinta

Faça-me e então serei um homem sério próximo de você

Gosta que enrosca, do seu carro, celular, computador;

Os faróis seus olhos escuros, buzina é a sua fala,

a poltrona sua cadeira predileta, o combustível bem que poderia ser sua urina,

os pneus são os sapatos mais perfeitos não pode derrapar

Quando queres, come banana caturra e arrota maçã Argentina

Quando queres, passa o dia filmando seu umbigo

Quando queres, ama sua célula, seu grupo, seus eus próximos

Quando queres, passa por cima de tudo e não percebe

Quando queres, chupa a balde e temos que aturar

Quando queres, marca encontro com papa-fumo

Quando queres, vive em uma redoma de vidro de vinte milímetro

Quando queres, polui ouvidos, pulmões, o ar, roupa e acento de avião

Quando queres, vê com o seu lindo olhar um beija-flor cair do céu,

em cima do seu prato na beira da piscina, que você diz que fez com amor e por amor

Quando queres, impõem regras delimita sua área, faz beicinho

Quando queres, faz não querer e abriga em você, Iceberg, ratos e sentimentos

Meu pequeno barco não é quebra-gelo, mas navega em qualquer mar

Quando queres, solta o frio que existe em um calor nas nuvens

Quando queres, ama-te os mesmos sempre assim é fácil

Quando queres, fica o tempo todo entorno de si

Quando queres, tudo é só isto e fica camuflada com lã de vidro

Quando queres, exporta água e importa coca-cola

Quando queres, manda beijo por e-mail, manda flores e torna tudo artificial

A vida é muito dura, um murro cai, um carro bate, minha boca está seca,

meus ouvidos com zumbido, uma palavra proferida com mais aspereza,

O silvo do rouxinol, o urubu taxiando no céu ainda é o belo, a escada levanta-se para apagar um incêndio, o carro de som anuncia candidatura, o homem atravessa o faixa de pedestre com uma bolsa na cabeça, na casa verde ensaio de banda de música, o hotel está fechado, a garota sai de casa, um filme decrépito passa nos cinemas no front, batida de leite condensado com álcool é o que resta, o cd em mp3, toda voz do barítono, a secretaria de fogão seu valor de mercado, reclama do valor do salário e quando vai pagar a secretária pagam menos do que o salário, a fila de ônibus, o trem metropolitano um luxo de transporte urbano, a vida das formigas a três mil metros abaixo e acima do nível do mar, eu e o meu sorriso em foto fora de foco, o ventilador de teto e o de parede, a casa do joão-de-barro igual a nossa morramo-nos, a arvore sincera, seus passos na calçada, proibido estacionar, tudo que faz sentido em um copo plástico, o nervo ciático, o saxofone e o bocal, a carta escrita, a carteira perdida, a quadra de tênis, voleibol, futebol, basquetebol, e o mais caranguejo social embaixo de sua cadeira de praia

Quando queres, fica fácil porque tens um cofre de dinheiro

Quando queres, zoa como abelha no teto e nas colméias

Quando queres, aparece na telinha fica alegre, besta quadrada e pouco sábia

Quando queres, tens sorrisos, beijos, fofocas e dor sentida e não sentida na telinha tudo passa,

a verdadeira profilaxia dos tempos modernos

Quando queres, se apega ao imaginário, do faz de conta que estou fazendo amigos às faz como se fosse real

Quando queres, olha para o berço e mora ali por muito tempo para tudo ser profícuo, em tempo

Quando queres...

Icebergs, ratos e sentimentos...

MOISÉS CKLEIN.

Moisés Cklein
Enviado por Moisés Cklein em 08/05/2009
Código do texto: T1582710
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