PÁSSARO SOLITÁRIO
O antes, que podia ser
o depois do antes,
que não podia ser!
O ter no amanhã é
como o ser do antes
do amanhã mudo.
O choque do querer desafiado,
o prazer devoluto negado
entre os pontos deformados,
no vôo livre do pássaro solitário!
Passa... passa bicando as folhas,
resvalando o céu, novamente,
repousando à beira da escuridão.
Por que trancas ferido
o “antes belo?”
- Um pingo se quer,
não mais falaste e,
adivinhar, quem há-de...
detectar a falha no espaço
recapeado de sonhos
fingido na face esticada
-começo de experiências fracas
e sentimentos que não pagam propina.
A inocência cobre os olhos acesos,
recrimina e transparece
o “antes belo” agora libelo,
no ter do amanhã contrastante
com o depois prometido.
Onde pretendes dobrar
o peso desta agonia?
Volta a recompor-te,
adorna-te no calor
do corpo em chamas
do antes preferido!