Nihil

Correr ao vazio exíguo

dos frutos queimados pelo fogo extinto

e do caule em que a vida

antes de ser flor

expirou!

Após a corrida,

deitar-se na escuridão perplexa

de uma noite sem estrelas

e abraçar o vácuo que não se vê

tentando agarrar-se a qualquer coisa

qualquer coisa.

O nada, contudo, escorre

e se esvai, num instante,

imperceptivelmente.

Escuta-se, pois, o silêncio mais forte

a ausência absoluta

de qualquer palavra

de qualquer som.

Desfigurado, o homem

nada mais tem ao redor.

Tamanha é a desfigura

que sequer há matéria e forma -

oh, tênue linha invisível

que vivifica as coisas corpóreas!

Então, desintegrado,

percebe a existência profícua

latente, na ausência -

dor, dor de haver tanto e tanto

na não presença...

e os murmúrios inaudíveis,

ensurdecedores,

do silêncio;

e as formas que se avolumam na escuridão.

O vazio gira e

sorrateiramente

faz brotar do nada:

a rosa.

Clarissa de Baumont
Enviado por Clarissa de Baumont em 27/04/2009
Código do texto: T1562989
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