Nihil
Correr ao vazio exíguo
dos frutos queimados pelo fogo extinto
e do caule em que a vida
antes de ser flor
expirou!
Após a corrida,
deitar-se na escuridão perplexa
de uma noite sem estrelas
e abraçar o vácuo que não se vê
tentando agarrar-se a qualquer coisa
qualquer coisa.
O nada, contudo, escorre
e se esvai, num instante,
imperceptivelmente.
Escuta-se, pois, o silêncio mais forte
a ausência absoluta
de qualquer palavra
de qualquer som.
Desfigurado, o homem
nada mais tem ao redor.
Tamanha é a desfigura
que sequer há matéria e forma -
oh, tênue linha invisível
que vivifica as coisas corpóreas!
Então, desintegrado,
percebe a existência profícua
latente, na ausência -
dor, dor de haver tanto e tanto
na não presença...
e os murmúrios inaudíveis,
ensurdecedores,
do silêncio;
e as formas que se avolumam na escuridão.
O vazio gira e
sorrateiramente
faz brotar do nada:
a rosa.