FUGA PARA A NOITE
Asco esfiapado,
voz estridente,
acasalamento estúpido!
noite suada, esperada, desesperada!
me escondo, te escondes,
me esperas, te espero...
entorto, rolo na cama
e não te encontro.
Rodas os sonhos em redemoinhos!
enxurras os ralos,
afogando as chamas crucificadas
no peito errado!
Enfim, deságuas nos meus braços tensos,
prensando torpedos desconcentrados
em reviradas tramas desvirginadas.
E os olhos... os olhos
Que não os vejo nas chamas mortas!
Os encantos...
Não os encontro no calor do corpo!
- És como quem acerta os anseios
das batidas do peito com o tic- tac
do pêndulo assustador;
- és como quem deseja não querendo...
escrava do badalo,
inimiga da silenciosa boca-da-noite;
-és como quem quer ir mais além,
pelo íntimo que te persegue!
- és como uma fuga para a noite que começa.