Espectador
Não aconteceu, não deu tempo de nada. Nada! O trem passou, o avião decolou, a embarcação partiu.
Ele se foi, ela também. Ambos no vão, do vagão, do ar, do mar. A cama virando sofá. Mais um fluido desencontro. Sem corpos, sem realização de fantasias, sem exposição, o que parecia laço se desfez.
Faltou interesse, não chegou. A tua negação no meu querer caiu sobre chão da varanda, ao luar, sem ao menos penetrar.
Não houve emoção, não teve poesia, nem som de uma canção a influir na decisão, no recolher do sentimento.
O coração bateu devagar pra ver passar o que parecia: delicadeza, calmaria, paixão, bem-querer, amor, interesse bom...
Não restou vontade, não sobrou olhar pra trás. Pode ser que passe o tempo e a espera canse de desejar.
O momento recebe o gosto de partir sem ter ficado. Sem promessa, sem enganação, fora de alcance, o desalento chega ao fim.