Tela
Na tua parede vejo,
duas gotas, duas pérolas.
Entre elas uma pena,
que se faz asa,
tu voas nela.
Na tua parede, vejo um pedaço de mar,
um bocado de água, talvez salgada... Certamente travada,
Nela posso navegar.
Na tua parede vejo,
um vão, um pedaço branco de razão,
separando, gotas, penas, asas.
Na tua parede vejo,
coisas separadas...
As gotas, dizem que tu transbordas.
A asa, diz que tu és bialado,
as perolas estilhaçaram-se...
O vão completou-se num espaço dizendo...
Tu, dizes sim e não.
Porém, ninguém me disse para, o quê tu dizes,
nem o mar...
O teu não, quase se afoga.
O teu sim, gritou por socorro.