Se fosse passível...

Se fosse passível este corpo,

ainda meu,

pigmeu,

e sentisse tanta dor,

tanto ardor,

quanto desalento

poderoso e ciumento

dos dias ensolarados

e das noites de namorados,

apaixonadas até à feliz raiva

na procura curiosa da gaiva

serena, suave, calma,

deleite da aflita alma,

ou do amanhecer de rosas

sob as carícias viçosas...

Se fosse passível o corpo...

Este que já quase não é meu

nem se sente ser teu,

Amor que me amante arrumas

nas nevadas espumas

dos teus braços,

brandos laços

de incerta eternidade

no esvoaçar da realidade...