PUTA INSÓNIA
Mente
o pensamento
na agonia do desabafo.
Mente
o sentimento
na fornalha sonâmbula
neste meu estar penitente.
Remo
contra a corrente
psicótica do respirar,
em jangadas afundadas
na cascata da impaciência.
Ressono
lapidado no tempo,
imundo de horas enjauladas
no calafrio que me escraviza
a lucidez do indistinto no olhar.
Puta insónia,
despeitada que me cansa
de não ter sono nesta comichão
de raiva crispada no lume da pele.
Há ânsia de aço
nos meus nervos de vidro,
estilhaçado pelo grito agudo
da minha transpiração inquietante.
Pauso dormente,
sufocado por madrugadas
insípidas na poluição do meu desgaste.
Chicoteio as veias
com noites mal dormidas,
apedrejadas por caudais de desespero.