A minha tela
Peguei teu amor declarado
Tua intenção publicada
Teu poetar encarnado
Tua noite estrelada
Fiz uma aquarela safada
Que não vende pra nada
E que ninguém quer comprar
Pintei do meu jeito moleque
Tudo o que sabia de amar
Joguei purpurina e confete
Só pra te provocar
Escondi tua caneta
Quebrei teus pincéis
Tranquei a gaveta
Sujei teus papéis
E agora só resta
Meu corpo errante
Minha nudez delirante
Pra que tu possas brincar
Vem moleque sem medo
Mata esse teu desejo
Escreve em meu corpo com o dente
Teu poetar sem vergonha
Faz rir na contra mão
Na galeria enfadonha
Da minha imaginação
Confessa tua vontade louca
De cair na minha mão
E beijar a minha boca
Pede da vida repetição
Sei que uma noite é pouca
Pra tanta alucinação
Rolaremos pelo chão
As tintas se espalhando
Formando assim confusão
Depois da tela pintada
Vamos fazer exposição
Sem moldura ou adereço
Projetar ela no chão
A tela que não tem preço