A minha tela

Peguei teu amor declarado

Tua intenção publicada

Teu poetar encarnado

Tua noite estrelada

Fiz uma aquarela safada

Que não vende pra nada

E que ninguém quer comprar

Pintei do meu jeito moleque

Tudo o que sabia de amar

Joguei purpurina e confete

Só pra te provocar

Escondi tua caneta

Quebrei teus pincéis

Tranquei a gaveta

Sujei teus papéis

E agora só resta

Meu corpo errante

Minha nudez delirante

Pra que tu possas brincar

Vem moleque sem medo

Mata esse teu desejo

Escreve em meu corpo com o dente

Teu poetar sem vergonha

Faz rir na contra mão

Na galeria enfadonha

Da minha imaginação

Confessa tua vontade louca

De cair na minha mão

E beijar a minha boca

Pede da vida repetição

Sei que uma noite é pouca

Pra tanta alucinação

Rolaremos pelo chão

As tintas se espalhando

Formando assim confusão

Depois da tela pintada

Vamos fazer exposição

Sem moldura ou adereço

Projetar ela no chão

A tela que não tem preço

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 27/03/2009
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