Andança
Eu saí de mim
Ando por aí assim
Sem rumo, sem morada
Em qual praia vou chegar
Qual é a minha estrada?
Dizem que sou errante
Aquela que não tinha nada
Nem sequer sei meu nome
Pobre sonhadora amargurada
De mim sobrou algum retalho
Pedaços de alguém faminta
Velha pelo tempo corroída
Jovem de amor desconhecida
Joguei e apostei em tudo
Perdi a razão e hoje o mundo
Olha-me de maneira incerta
Não encontro a porta, só deserto
Da janela não vejo saída
Tenho amor guardado e tanto
Que nessa eterna busca desenfreada
Acabo derramando em algum rio
Ou na simples beira de uma estrada
Tenho fome, sede e sono
Quero acordar e não dizer nada
Abrace-me sem perguntar o que sou
Beije-me sem saber meu nome
Deixa-me adormecer em teu colo
De letras, irreal, imaginário...