Andança

Eu saí de mim

Ando por aí assim

Sem rumo, sem morada

Em qual praia vou chegar

Qual é a minha estrada?

Dizem que sou errante

Aquela que não tinha nada

Nem sequer sei meu nome

Pobre sonhadora amargurada

De mim sobrou algum retalho

Pedaços de alguém faminta

Velha pelo tempo corroída

Jovem de amor desconhecida

Joguei e apostei em tudo

Perdi a razão e hoje o mundo

Olha-me de maneira incerta

Não encontro a porta, só deserto

Da janela não vejo saída

Tenho amor guardado e tanto

Que nessa eterna busca desenfreada

Acabo derramando em algum rio

Ou na simples beira de uma estrada

Tenho fome, sede e sono

Quero acordar e não dizer nada

Abrace-me sem perguntar o que sou

Beije-me sem saber meu nome

Deixa-me adormecer em teu colo

De letras, irreal, imaginário...

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 26/03/2009
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