Desvario
Vivo em desatino,
Presa pela louca fantasia
Que me espreita,
Pronta a lançar o meu destino.
Covardemente encolhida,
Assustada,
Solto um grito ensurdecedor
Vindo das entranhas
Que me arranha
A garganta maculada,
Fala inútil, insensata.
Vivo aflita
A mirar...
Os olhos apáticos,
A espera de guarida.
Pés inermes
Recusam-se a correr
Envoltos na corda
Imaginária,
Que aperta a sandália,
Queima e machuca
A pele frouxa e abatida.
Vivo, mas a morte
Avassala e vigia,
Impondo um duelo atroz,
Entre meu fraco e minha sorte.
Já não ajuízo,
Pois as imagens se misturam
Transformando em medo
A lembrança do óbito
Que ainda não veio.
Sinto esvair-se todo o meu brio e
Rendo-me insana ao cruel desvario.