TALVEZ...

Surge ao longe luz que domina

A neblina e a escuridão, que dissipa

Evita o tropeço e o abismo

A mente que flutuava agora pousa

e o coração que represava tantas emoções

Agora vê o esgotar de sentimentos

A seca que parece tão à porta

Anuncia que as lágrimas

Não foram sufucientes para molhar

e a terra regar, e as flores murcharam

Não tendo mais a beleza nem o perfume

O olhar? Ah! aquele olhar de dias felizes

Hoje se deleita ao ver as raizes

expostas da solidão que foi removida

e devolvida a vida, com espinhos

que sangram a carne e cansaço da alma

no frágil e abatido corpo, cai no solo

E ali espera quem sabe o anunciar

Do inesperado, ou quem sabe o jazigo

inevitável descanço de tuas asas

Ah! coração fadigado, tente ao menos

Mais um sopro, sinta o refrigério

da brisa e sente-se não fique aí no chão

Se acolha no fogo e se fortaleça

No aconchego desta paixão

Pois sei que talvez não mereça,

Sofrer mais, e teu destino

quisá não seja a morte, fim de tudo

Mas a renovação, o despertar

para mais uma vida regrada

e inundada de emoção.