Metade inteira

Não me fere a tua ausência

Nem me diz nada tua fala

Minha metade inteira é impregnada

Do senso crítico do só

Quero me encontrar comigo

Vou me entrevistar na madrugada

Sem rodeios me encontrarei.

Se minha metade hoje inteira

É também a companheira

Dividirei com ela meus abraços

Meus laços frouxos soltaram

As amarras da prisão clandestina

Em que está meu coração

Sem sentir tua presença

Agora distante e afogada

Vou seguindo minha busca

Nadando em minhas mágoas

Enquanto água houver

Nunca estarei incompleta

Mesmo metade inteira

Vou fazer mil descobertas

Já estive em teu sonhar

Sou fantasma que ri e chora

Na tua insônia já fiz minha casa

Da tua memória sou a dona

Quase sempre me punindo

Por subornar tua cabeça

Quero agora que me esqueça

Vou sair na mansidão

Vou jogar com tua luta

Pra me tirar do coração

Te deixo com a certeza

De que meu amor não morreu

Pois nada em mim morre ou acaba

Sou obra inacabada do dono do universo

Estou em metamorfose latente

Na transformação da metafísica

Onde só existe o seguir em frente

Não sou diáfana ou metal

Sou só algo que se sente.

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 23/03/2009
Código do texto: T1501337