Musa enfarada exonera o poeta e espanca Cupido

Inesperado, inédito e inusitado acontecido

A musa demitiu o poeta, decantada enfarada

E, de lambuja, de quebra, de troco, cupido

levou umas pancadas, que os vi estropiados

poeta descoroçoado, cupido desasado, ambos

no meio-fio sentados, após um litro mamado

de vinho barato, deles um já vomitado era.

Olhando a dupla, penalizado, procurei pela

razão da musa, ora pranteada, já decantada

E só consegui ir adiante, sem falar, dizer

o quê numa hora dessas, sem poder maldizer

Musas enfaradas há, quando a poesia não há

o poeta que, por inverso, conserte o verso

ou leve à breca, cure-se, sebastianize-se

flechado, apare no ar a seta e impeça amor

que traga mais dor. Dê-se a cupido um pito

e, nem pasmo,nem aflito, siga à frente que

a fila anda e, quem sabe, fados aliados se

comportem diversos e divertidos aparecendo

com flores, uma nova musa alevante o poeta

quem há de tanto saber, saber do que virá?