Sucata
Prefiro ser a Medusa
Ou aquela que não tem rosto
Não sou musa, deusa ou amante
Sou apenas uma alma errante
Que ao vento canta seu lamento
Sou estranha, venenosa, surreal
Na música vago solitária e dona
Dos acordes que alguém despojou
Aguardo com ânsia o que sobrou
Retalhos de uma vida sem viço
Abro mão do sonho e do certo
Quero a dúvida louca da emoção
Jogue-me suas mentiras odiosas
Se esconda na sombra da escuridão
Consigo te ver bizarro e só
A procura de aventuras e descobertas
Mas não passas de um pobre ser
Que nas horas a solidão faz companhia
Eu, aqui sofro menos e te digo
Gosto dessa guerra em que me atiro
Invadindo corações aflitos e tristonhos
Sou ao meu modo feliz e me basto
Alimentando-me de letras declaradas
Detonando versos sem sentido
Quanto a ti, pobre coitado
Faz-se vítima e se atira como um fardo
Nas páginas da ridícula aparência.