HOMEM SÓ
Aquele homem, aquele homem só
que calcorreava pelos sopés perdido,
era um pobre de Cristo, pobre de Job,
na míngua enterrado sem ter vivido.
Era um triste pelo mundo errando
que buscava, nem ele sabia o quê,
à deriva no nada, sempre desvendando
a rota que percorremos e não se antevê.
Desfasado do tempo que desconhecia
ao viver num espaço que o limitava,
quanta noite que nem sempre dormia
olhava o universo que o fascinava.
Ao vasculhar o astro sempre às escuras,
até ao limite onde alcançava seu olhar,
viajava pelo infinito das suas conjecturas
e continuava vazio sem resposta encontrar.
Seduzido pelo sonho que à vida o prendia,
procurava na essência o sentido do viver,
e vencido por super força que desconhecia
confundia o pensamento e o seu querer.