Furor passional...
No fogo das paixões
Perpassam as emoções
A devorar os corações
É o vai e vem das ilusões
Como um pêndulo, uma gangorra...
O amor sofre e se arrasta lá pra fora
Como um mendixo na lata de lixo
A catar do luxo do rico
No banquete das migalhas
Cisca como um rebotalho
Das sobras vivem as escórias
Na mesa, do palco, no leito...
Dança o amante satisfeito
Diferente do pobre faminto
Do seu desespero animal
Solto no seu grito mortal
Forte estampido passional
Doído, sofrido... Dos excluídos
As diferenças estão no objeto
Para uns é a sede do sexo
Doutros a fome é do umbigo
E a tua qual é meu amigo?
Ternura, beijo e abraço?
Do café, jantar ou do almoço
A minha é uma espécie de mistura
Trafega e trafica na medula e na espinha
Que depois me devora pelas veias
E nos dias que terminam em ‘feiras’
Pela semana quase que inteira
Deixo rolar essa vontade louca
Engolida pela minha boca rouca
Aí só me aquieto e fico esperto
Pelo olhar poético de uma paisagem
Ou no por do sol ou em algum luar
Bailado ou requebrado de uma menina
Que inspira e baila na poesia que fascina
Hildebrando Menezes