Despoema

Vim saber onde mora o mar

e para onde me levam essas ondas

cheias de águas, cheias de pompas, cheias de mim.

Acordo molhado em altos mares

quando o sonho navega sobre meu corpo alisando-o,

já quase corpo, já quase morto, já quase náufrago.

Do mar vejo o céu,

quando o horizonte me olha finito

como se as águas que eu visse fossem vivas

e este poema em que acredito

pudesse ser declamado.

Vou-me embora para o deserto

e de lá saber que destes versos

saem-me mares distintos

como se me fosse absíntico

o cheiro formal dos meus inversos.