atalhos para o país das maravilhas

Estou sentado na cadeira

olhando fixamente a parede

o branco sem expressão

tenta me engolir

os buracos da minha mente

cospem fogo e zabumbam um bumbo

a esquadrilha da fumaça

raspa o meu teto

meu nome é soprado em letras garrafais

quero tomar um copo de groselha

talvez para colorir o sentido

ou quem sabe usar nas minhas veias

para confundir meu sangue atordoado

pela droga desta vida nublada

que vou ingerindo por acaso

minhas telas depressivas

lembram os cortes na minha pele

dos desejos que não realizei

da minha incompetência histórica

por não ter governado o mundo

quem sabe o submundo em que me encontro

confundindo ora e oração

feito um personagem de Otavo Ocampo

é isto, tem uma tampinha no bolso

uma caneta nanquim e mais nada...

qualquer hora eu salto uma quadra de amarelinha

e peço a mão de Alice em casamento

neste dia vou para o país das maravilhas...