N'AUGUSTA ESSÊNCIA DE UM FÓSFORO
Li em um poema antigo
a prisão n'augusta de seus mistérios existenciais
toda paralisia de um verdadeiro poeta
que tentava descobrir toda a essência
na frágil existência abrigada em um fósforo.
Eu, um garoto muito atrevido
logo fui lhe dar outra solução
recriando toda a ação
que o deixou paralisado.
Corri até ficar ofegante
entrando na cozinha parando diante
do fósforo estático com a minha intenção.
Ergui-o bem ao alto
ficar claro, facilitar ampla visão
contemplei todo o fósforo
logo fiquei angustiado
tentando descobrir seu peso
toda estrutura que o construía
toda idéia que eu possuía da vida
do antes, do agora, do além
essa angustia me torturava
risquei-o logo no ato impulsivo não hesitei
risquei-o ficando hipnotizado
a chama chamava toda minha intenção
e um "ai!" me veio a boca
a chama atingia meu corpo
como quem diz: "não me decifra-me
senão eu te consumo também!"
o fósforo nesse compasso do tempo
desaparecia da minha visão
só fumaça cobria meu olhar
Eu, tentando em vão pagá-la
com estas mãos cansadas
toda fumaça que subia aos céus
pelos meus dedos transpassava
não queria se deixar tocar
não pertencia mais ao meu olhar
dissipava-se no ar da cozinha
deixando ainda mais n'augusta confusão
não sabia a solução da parte do fósforo que se ia
em fumaça dissipada no ar
restando só um pouco de cinza no chão
só um pouco de cinza
provocada pelo meu ato impulsivo
sem esse ato ainda seria possível
uma oportunidade buscar um Físico e um Guru
achar na ciência e na religião
a solução que em mim só não a encontro
achar uma justificativa
desta vez definitiva
tentar mais uma vez a procura
qual o destino se faz da fumaça
parte do fósforo que se fora
daquele que não fica reunida
com as cinzas que ficam no chão.