Revoada do ninhal

Olhei-te de cima a baixo.

Queria falar não falei.

Era o mesmo que conversar com uma arvore morta

presa no silêncio

que as manias criam.

Arvore ressacada

ao fundir duas sementes.

Adivinhar o pensamento.

Entardece na alma a agonia.

Uma tarde raivosa entre espigas de milho.

O lago de peixes tirando da escama as espinhas.

Era o que as penas diziam para a ave.

Um diálogo com o além. O banquete na curiosidade da fome.

O que acontecia depois traduzia como respostas.

Sem falar

as respostas necessárias,

auspicioso que sou

traduzir o universo.

Diziam que a ave é louca, ora traduzir o silenciar das penas.

Ora, ora. Traduzir o silêncio e fácil.

Nada se pede e mil respostas.

Era só traduzir e o fiz. Preencher o vazio

com a temperatura do sopro. O vôo

estaria prejudicado

sem a rota

e a surpresa.

Sabia que o destino queria o ninho

no topo dos edifícios.

Era apenas ler o universo

ele dizia sim pra tudo.

As perguntas mudam qualquer um.

Para o topo. O bando na revoada.

SB Sousa
Enviado por SB Sousa em 26/02/2009
Código do texto: T1457753
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