Revoada do ninhal
Olhei-te de cima a baixo.
Queria falar não falei.
Era o mesmo que conversar com uma arvore morta
presa no silêncio
que as manias criam.
Arvore ressacada
ao fundir duas sementes.
Adivinhar o pensamento.
Entardece na alma a agonia.
Uma tarde raivosa entre espigas de milho.
O lago de peixes tirando da escama as espinhas.
Era o que as penas diziam para a ave.
Um diálogo com o além. O banquete na curiosidade da fome.
O que acontecia depois traduzia como respostas.
Sem falar
as respostas necessárias,
auspicioso que sou
traduzir o universo.
Diziam que a ave é louca, ora traduzir o silenciar das penas.
Ora, ora. Traduzir o silêncio e fácil.
Nada se pede e mil respostas.
Era só traduzir e o fiz. Preencher o vazio
com a temperatura do sopro. O vôo
estaria prejudicado
sem a rota
e a surpresa.
Sabia que o destino queria o ninho
no topo dos edifícios.
Era apenas ler o universo
ele dizia sim pra tudo.
As perguntas mudam qualquer um.
Para o topo. O bando na revoada.