Ausente de si mesmo aberto ao mundo
Amanhã não estarei aqui
com cabelo vermelho, nariz vermelho, olhos vermelhos, boca vermelha camisa vermelha rasgada mentindo pra mente colorida livre leve igual um búfalo no cio carregado de marca até o hospital para tomar glicose acreditando na vida poupada de todo sentimento de medo e dúvida que resta dos preconceitos de um rato de cineclube sempre certeiro quando quer encontrar uma veia e tomar uma dose recomendada para dormir por duas horas e recomeçar a agir através da próxima porta que se põe para fora no horário heróico de salvador
para que amanhã não esteja aqui
clivado de bala qualquer um que atravessasse a rua quando procurava um lugar tranqüilo para movimentar meu corpo de infinito gás pra trepar todos os dias menos nos dias santos divididos de descanso e almoço com refeições regadas a vinhos e conversas de alegria estranha e as velas e os incensos e as músicas e os quartos frios de ar condicionando a mente letárgica dos choros de crianças partindo pelo seu olhar blasé
como aqui amanhã não estarei
sem viver os excessos de uma regra vida apaixonada após sair pela terceira vez do hospício mais perto da casa da avó e ouvir música e pular sem grito e subir escadas rolantes de movimentadas lojas sem granito verde nem brilho cor de rosa do amor sem lógica num sapato furado com germes em notas de dólares depositadas nos bolsos sem casca pra nascer novamente e gozar mais da cara da vida das pessoas rudes sem bons momentos bocejando na cara do guarda pedindo saia da frente senhor saia da frente bandido saia batendo no chão com a pancada o chute e o soco no estômago que fará o almoço sair com a ceia e a desesperança sair sem dar alarme morrendo flagelado com sonhos com belas realidades saídas dos sonhos de nuvens trêmulas e mãos delicadas em pesadelos roxos de pérolas que queimando as narinas fazem que nasçam das cicatrizes a ultima cerveja em qualquer ultimo lugar fúnebre e lúgubre despovoado onde se copiam histórias de lembranças imemoráveis de terras onde brotam as anedotas visuais
porque amanhã não estarei aqui
uivando pro sol nesta maldita cidade que só tem sol ausente de lua de ventos de nuvens fantasmagóricas em mascaras imperfeitas nos moveis lustres castiçais de quartos e camas podres com poderes sem créditos maliciosos sedutores de liberdade em assassinatos ou catecismos escondidos de algum inimigo debaixo dos lençóis nos leitos dos colchões batidos e acabados mas com passarela para a vaidade e a ilusão de que ninguém os vê com o opaco pó de tabaco barato comprado na feira e que realiza as perfeições da natureza das musas de coxas grossas resultados de muitos óleos Johnson que dá felicidade plena de nunca apertar as mãos dos livres que não apertam os cintos dos contos visionários das histórias inesquecíveis
e não ter nada mais pra dizer onde amanhã não terá ninguém pra ouvir.