máscara negra

essa sombra em seu olhar

triste e profundo

essa nesga de luz sobre o corpo

desproporcional e impreciso

o cheiro intenso de incenso

palavras segregam dor e sofrimento,

gemidos, grunhidos

ininteligíveis

a dor não tem razão

a dor não tem sentido e,

vai devorando,

carcomendo,

erosivamente tudo.

O tempo passa e o corpo é lixiviado

intensamente

são chuvas, banhos e lágrimas

são surras, sovas e mal-tratos

que vão definhando o rosto,

a rigidez dos músculos,

as pernas bambeiam pelo caminhos

tortos e os

passos ainda bêbedos

da dor insetada no imo

se perdem no abismo ilógico

de cacos.

O olhar caido

e perdido,

sob o manto negro

da máscara.

o olhar querendo saber,

se há felicidade,

se há saída

de emergência,

alguma válvula de escape,

descarga

algo que leve pro ralo

definitivamente

toda essa pesada tristeza.

O rímel escorre sobre a face

escavando caminhos negros de dor

e desalento

Limpo os olhos.

Limpo o rosto

e a tristeza encardida não sai

de minha alma.

está aprisionada numa gaiola chamada

corpo.

está aprisionada definitivamente

no brilho de meus

olhos que faíscam

ainda que encobertos por essa

máscara negra.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 22/02/2009
Reeditado em 02/03/2009
Código do texto: T1451799
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