DE CONCRETO ARMADO
Depois que caí...
Eu renasci como uma parede
-de concreto armado-
Apenas caiada de branco,
e reerguida ao sol de cada manhã.
Braços fortes em levantaram,
sob um fino suor
a escorrer do rosto
e das mãos cansadas e firmes
que também me mantiveram.
Depois deles,
Nada mais me derrubou,
Posto que a força é minha essência.
A chuva, o vento, as tempestades...
Tudo que bate sobre mim
Reverbera vetor oposto.
E qual um milagre...
Eu me mantenho em pé!
Às vezes me pousam...
O peso das folhas leves,
E o carinho dos cantos breves
Dos pássaros do verão!
-que sempre se vão!-
Mas eu continuo aqui,
Firme armação de concreto
Na abstrata beleza dos versos de pedras
Paridos das ilusões de areia
Que se entranham ao meu cimento.