DESPERDÍCIO
Não sei se tenho currículo....
minha poesia é um desperdício.
Não sei a quantos agrada
ou se a tantos ela encara.
Parece mais ser o fruto
dos meus anos de esperança
transformados pelo tempo
em total desesperança.
Jogada sob os meus pés,
ao peso do meu furor
vingança lhe imponho ao invés.
Quando embriagado estou
ponho-lhe a culpa de tudo,
que a minha vida amargou..
de viver neste país
cada vez mais sonhador
olhando para o futuro
surreal especulador,
em que a poupança é o ar puro,
o estelionato, o pudor;
a incompetência, o senhor,
a impunidade o grandor!.
A voz do aproveitador
não dá vez ao lutador;
o magnata do povo
é sem dúvida o sedutor;
vivendo às custas dos ais
do popular sofredor
que deságuam nos anais
do pranto da minha dor.