UMBRAIS
O meu espírito revolta-se na carne.
E os meus ossos são galhos cansados
dobrados às chuvas argilosas
dos anoiteceres.
Estou com sono sobre os abismos.
Talvez tenha que cair, para existir
e aterrar o fundo de mim mesma.
Para repensar o abrigo das sementes
que se dispersaram nos umbrais.
E destruir a petrificação dos pensamentos
sobre as flores do caminho.
Meus monossílabos são o saldo do verbo
que Deus me deu por direito
como dobre de sinos em tempos de ressurreição,
ecoando pelas colunas de mim mesma,
e, às vezes, na treliça que separa os dois reinos:
o das águas dos olhos
e o da aurora inexorável.
(Direitos autorais reservados).
Foto: imagem pesquisada no Google