Vitrines

Vitrine de cristal,

amarelo e carmim,

luxúria total,

tão longe de mim.

Vitrine dourada,

máscaras momescas,

reproduzem do nada,

pinturas dantescas.

Vitrine nostálgica,

de luzes azuis,

num passe de mágica,

mil sonhos produz.

Vitrine da vida,

nunca se entende,

expõe uma ferida,

que à alma ofende.

Vitrine povão,

carência de tudo,

gente sem solução,

do corpo desnudo.

Vitrine lotação,

desconforto e suor,

do povo no chão,

de mal a pior.

Vitrine da ilusão,

de um dia sorrir,

e fazer o coração,

sua paz atingir.

Vitrine do quintal,

sabiá na laranjeira,

jabuticaba matinal,

abelhas na videira.

Vitrine acortinada,

sombria e silenciosa,

oculta a vida privada,

de uma gente ociosa.

Vitrine do passado,

que não mais se vê,

do sonho empanado,

que nos faz sofrer.

Vitrine janela,

vitrine da rua,

vitrine amarela,

vitrine nua.

Harock
Enviado por Harock em 02/02/2009
Reeditado em 25/12/2019
Código do texto: T1417502
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