Quando a morte separa

Se não mais me gostas, diz-me que me amas por quê?
Visita-me, dá presença e presentes,
até paga conta há muito vencida... mais de ano
E dizem-me que até fala mal de mim às costas,
desdiz de nós, das coisa nossas,
que penso estavam bem e boas
juntas ou separadas fossem elas
Engano meu, ledo engano diriam
É como se não mais a tivesse próximo,
fosses outra quem se aproximava
Não a tive, mas fingias, devia, pois parecia
Eras o amor da vida inteira para mim
E acabou-se já a vida, tão assim breve,
pouco íntegra, em meio ao mar de dor
mas juro que vivia, era quem era.
Viajava, se banhava nua, pendurava a conta ,
Era até amiga, parecia, fevereiro voava
Fervia março, era santa, parecia, o ano inteiro.
Fui desacompanhado ao nosso enterro.