ALGUÉM COM QUEM SONHEI

O alguém que desde a infância me visita, consegue ver o que ninguém contempla em mim;

Adorna o meu jardim, decide me florir se atendo a uma cerviz angelical;

Mata com seus beijos o meu mal, canta notas de desejo e paixão sem fim;

A sua lágrima é carmesim, a sua guerra a meu favor não é verbal!

Ela permite um olhar que me transcende, ela encontra algo de formoso no meu ser;

Vela meu sonhar no adormecer, divide o meu bocado com ternura;

Sua alma nunca me tortura, todas as suas armas são para me defender;

Não troca o meu querer por outra forma de poder ou jura!

Eu sonho com um alguém que não me julgue pelos quilos e não me ame pelos bolsos;

Cuja herança e reembolsos sejam na proporção do que careço;

Que me compre por impagável preço, que despedace meus complexados colossos;

Companheira de jantares e almoços, humana forma de meu recomeço!

Esse sonhado alguém jamais me engana e nunca me nega;

Por onde for me leva, seja nas mãos ou na pulsante batida apaixonada;

É minha musa e minha amada, é a muralha feliz que me acerca;

É cinturão meigo que me aperta pra que de si não me aparte a madrugada!

O alguém que reina em meu sonhar por outro alguém jamais me trocaria;

Se disser a hipótese que eu morreria, por ninguém substituiria minha eterna lembrança;

Jamais poria em risco nossa aliança, sob hipótese alguma me mentiria;

E a cada manhã que nasceria, renovaria a minha esperança!

Tamanhamente dedicada seria minha luz e minha cidadela;

Minha amazona e cinderela, um conto de pura e infinita perfeição;

Seu desejo e sua devoção seriam porção de seu bem que me zela;

Não sei quem é ela, mas sei que a conheço como a palma da mão!

O esplendor que eu vejo nela ainda move o meu olhar por esses dias;

Quantas alegrias ainda sonho desfrutar nos seus abraços;

Parece desenhar-se nos meus braços, parece me aquecer nas noites frias;

Posso senti-la nas cercanias, posso tocar seus imaginários cachos!

Talvez por isso a madrugada me torture e não permita que eu durma;

Ela me espera em noite escura e necessita que eu viaje desse mundo;

Basta uma fração de segundo e noutra dimensão me beija com ternura;

Ela é a única cura, quando acordo e retorno ao meu poço profundo!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 27/01/2009
Código do texto: T1407105
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