Filhos do Nada
Manto encardido de sangue
Enxuga o rosto enrugado pelo tempo
Ossos cadavéricos saltam à dor
Olhos clamam sem encontrar direção
No chão em brasas agoniza o amor
Em volta expressões vazias
Ali jaz o filho do mundo sem rumo
Do ventre de Maria parido
Na labuta sem trégua abandonada
Sugou pras bandas do nada
Seu feto pródigo marginalizado
Agora ali esticado a mercê das moscas
No murmúrio do disse me disse
O silencioso choro da mãe agonizante
Punhal que dilacera a razão
Todos na contramão
Frutos podres criando gerações.
Jamaveira