Restos
Vivendo sem uma gota de amor...
...e bebendo, gotas e mais gotas, de um líquido adocicado.
Quem poderá entender esse mundo, querendo explicá-lo?
Enquanto não me amas...
...nunca me amarás, quem ou o quê?
Enquanto isso, a cereja devastada,
na boca induzida...
...consumindo-me, enquanto consumo o sumo amargo
da verdade adocicada, lambuzada e camuflada
na cereja...
Uma sereia artinhosa:
vida essa.
Uma cerveja gelada,
amarga, mas saborosa para esquecer...
...quem ou o quê fez o mundo.
Por que o fez assim?
Perpétuo desencontro de vontades.
Eterna devasidão de maldades.
Enquanto isso, a cereja...
...ela...
...desabrochando por minha boca,
consumindo a verdade mentirosa de um mundo estúpido,
e também esculpido, vivenciado e trocado por qualquer...
...qualquer que seja, o que for, será,
e daí?
Dane-se o resto.
Sou um resto
e me delicio com esse resto de cereja,
em minha boca suja...
...mundo sujo.