QUEM VIVER...VERÁ
Água e terra dá tijolo
Mistura maciça
Na pedra roliça
Ouro de tolo
Olho de curioso
Desejo gostoso
Momento nervoso
De alguém invejoso
Com um cisco no olho
Embaçou a vista
Desgraçou a vida
Desfolhou a margarida
Perdeu a vida
Se fez ausente
Noutro momento presente
O tempo pressente
O que pode acontecer
A ampulheta do tempo
É intemporal
É até imoral
Ver o tempo passar
E nada fazer
Ver a nuvem no céu
Deslizar num azul de estrelas
Na noite sem lua
De uma lua vazia
Que não te deixa escolha
Do que ficar na encolha
Até o inferno astral passar
Chegar seu aniversário
E assim devagar...
Sair do armário
Soltar a franga
Na zona franca
Da contradança
Na zona de baixo
Do baixo meretriz
Debaixo do seu nariz
Voar por um momento
Deixar voar o pensamento
Deixar-se voar no vento
A brisa seu rosto tocar
O orvalho sua boca molhar
E num vendaval
Olhar-se na bola de cristal
E ver refletida a imagem
De uma vida de colagem
Vida de papel
Que por pouco não virou pastel
Vida sem graça
Que nem cachaça
Vida sem cor
De um pálido apastelado
Um amalgama perolado
Um anátema não decifrado
Um enigma montado
Pra enganar os tolos
Que ficam na poltrona
Vendo a vida passar
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Nada faz...nunca fez
Não será desta vez
Que alguma coisa fará...
Só o tempo dirá...
Quem viver...verá
Vitória/ES - Em 01/01/09 -