O monte do "adeus"
O monte do “adeus”
Jogando os olhos para longe
Lá além do horizonte
Onde o sol se esconde
Por detrás do monte
Tem um novo “desmonte”.
Esticando os braços
Fazendo com os dedos um compasso
Desenhando em pequenos traços
Vou te fazer um esboço
Do que lá chegam aos maços!
Já ouvi de todas as esferas
Que têm muita gente na fila, na espera.
Que algumas pequenas peças
Não há nada que nos impeça
De serem tiradas das mãos das feras
Os destroços, prejuízos, estragos e as desgraças
Estão todos juntos na mesma situação
Foram chegando, se unindo e são um montão
Melhor do que terem ido para o lixão
É poder ver tudo, com triste admiração!
Lá onde os lábios não proferem
Palavras são impróprias e proibidas
A justiça não tem peso e nem medida
Existem apenas o que os gatos conseguem
Resgatar de muita luta e desdita
Lá onde a alma não vislumbra
Onde existe apenas a penumbra
Encontram-se os restos do que foi mortal
E no desenlace fatal
Ficou apenas o lixo existencial.
Olhos não querem enxergar
Mãos desistem de tocar
Ouvidos recusam-se a ouvir
A Música macabra e tumultuada
Da vida recém sacrificada.
Onde o sol se esconde
Bem longe detrás do monte
Repousam as sombras dos que foram ontem
Gemem as almas ao ver os corpos
Entregues ao desmonte