Ontem à noite a vida me visitou
Ontem à noite...
Uma língua de fogo desceu a terra
Pude ver o ódio que havia nela
Parecia uma pedra, quebrou minha janela
Por sorte rolei na cama e me livrei dela
Nunca havia sentido algo assim
Um calor, um fogo que queimou tudo por perto de mim
Parecia que meu mundo teria fim
Mas, era boa a sensação, não era ruim
Senti todas as minhas dores sumindo
Minhas lágrimas para os olhos subindo
Meus anseios diminuindo
E meu coração se transferindo
Cortinas retorcidas, promessas vividas
Abalos, cortes, retratos da vida
Tudo foi embora com a fumaça tingida de vermelho
Inteiro só ficou mesmo o espelho
Varou a noite e a madrugada ainda um bocado
Pude ler meus olhos desesperados
Pelo meu corpo veias e vasos dilatados
E pela janela o mundo ainda silenciado
Aquilo era só no meu quarto
Pensei que era loucura
Mas era realidade pura
Foi como assistir meu próprio parto
E por fim chegou o sol
Apagando o fogo como pó
Pude ver o queimado no lençol
E o meu corpo nu molhado de suor
A festa do fogo assim se apagou
Da cortina o trilho somente restou
Atesto que foi tudo verdade o que se passou
Ontem à noite a vida me visitou