Ontem à noite a vida me visitou

Ontem à noite...

Uma língua de fogo desceu a terra

Pude ver o ódio que havia nela

Parecia uma pedra, quebrou minha janela

Por sorte rolei na cama e me livrei dela

Nunca havia sentido algo assim

Um calor, um fogo que queimou tudo por perto de mim

Parecia que meu mundo teria fim

Mas, era boa a sensação, não era ruim

Senti todas as minhas dores sumindo

Minhas lágrimas para os olhos subindo

Meus anseios diminuindo

E meu coração se transferindo

Cortinas retorcidas, promessas vividas

Abalos, cortes, retratos da vida

Tudo foi embora com a fumaça tingida de vermelho

Inteiro só ficou mesmo o espelho

Varou a noite e a madrugada ainda um bocado

Pude ler meus olhos desesperados

Pelo meu corpo veias e vasos dilatados

E pela janela o mundo ainda silenciado

Aquilo era só no meu quarto

Pensei que era loucura

Mas era realidade pura

Foi como assistir meu próprio parto

E por fim chegou o sol

Apagando o fogo como pó

Pude ver o queimado no lençol

E o meu corpo nu molhado de suor

A festa do fogo assim se apagou

Da cortina o trilho somente restou

Atesto que foi tudo verdade o que se passou

Ontem à noite a vida me visitou

O velho moço
Enviado por O velho moço em 19/12/2008
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