PÉTALAS CORAZÓN
Lerdo o tempo consome o vapor
O calor do suspiro das ventas
Formando um corpo sem mãos
As mãos pertencem à artista
Esta as guarda e as consome nas horas
Um papel de carta se auto-escreve
E uma foto é a chave de todo o enigma
O enigma da borboleta pós-humana
Um livro transita no afago dos olhos
Uma carta se cria do avesso
Revelações no ouvido rouco
Suspirando a madrugada enfeitiçada
Compasso de asas frenéticas
Possuindo em ais, flutuando éter
Antenas ligadas e frases decolando
Bolhas de ar trazidas nas correntes
São sensíveis ao toque dos melindres
E logo se espocam causando furor
Súbito acordar da vida entrelinhas
Tendo a negação do abstrato pela figura
Pétalas se desmancham em embriaguez
Celulares rompem as fronteiras da loucura
Adormece o calor das entranhas
Mas não finda a vontade corazón
E o fim é o recomeço e o recomeço é o fim
Paris, 2008