PÉTALAS CORAZÓN

Lerdo o tempo consome o vapor

O calor do suspiro das ventas

Formando um corpo sem mãos

As mãos pertencem à artista

Esta as guarda e as consome nas horas

Um papel de carta se auto-escreve

E uma foto é a chave de todo o enigma

O enigma da borboleta pós-humana

Um livro transita no afago dos olhos

Uma carta se cria do avesso

Revelações no ouvido rouco

Suspirando a madrugada enfeitiçada

Compasso de asas frenéticas

Possuindo em ais, flutuando éter

Antenas ligadas e frases decolando

Bolhas de ar trazidas nas correntes

São sensíveis ao toque dos melindres

E logo se espocam causando furor

Súbito acordar da vida entrelinhas

Tendo a negação do abstrato pela figura

Pétalas se desmancham em embriaguez

Celulares rompem as fronteiras da loucura

Adormece o calor das entranhas

Mas não finda a vontade corazón

E o fim é o recomeço e o recomeço é o fim

Paris, 2008

Iva Tai
Enviado por Iva Tai em 05/12/2008
Código do texto: T1319775
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