VOCÊ PENSOU QUE O DIA ERA BRANCO?
VOCÊ PENSOU QUE O DIA ERA BRANCO?
Marília L. Paixão
Não olho a rosa rosa
Olho o rosa da boca
Esta podia ser vermelha
Uma cor mais engraçada
Enquanto possuo este vermelho de nada
E você diz que é vermelho da língua
Língua esclarecida
Em falas emudecidas
Que a própria língua cala
Então faço este poema por nada
Para nenhuma agradecida cara
Para nenhum muito obrigado receber
Pois hoje pareceu o dia da fruta dissolver
Mas não mastiguei a bala que quase pousou na saliva
Nem pela língua ou risada louca
Nem pela boca
Nem pelo vermelho
De nenhuma voz rouca
O que será que quis dizer com a língua?
Que a voz não denuncia?
O que será que quis dizer com o papo dos lábios vermelhos?
O que será que eu quis dizer com essas indagações tolas?
Você não me viu no pomar entre as maçãs
Você não me confundiu com nenhuma laranja
E eu não tinha passado batom nenhum
Você pensou que o dia era branco?
Eu pensei que hoje
Eu tinha sentido o sabor
Da bala de melão
Que havia mastigado
Ontem.
Mas hoje não passa de um dia bom
Para tirar poeira das letras
Por isso este espirro
Letras são assim...
Ou você pensou que o dia era branco?