VOCÊ PENSOU QUE O DIA ERA BRANCO?

VOCÊ PENSOU QUE O DIA ERA BRANCO?

Marília L. Paixão

Não olho a rosa rosa

Olho o rosa da boca

Esta podia ser vermelha

Uma cor mais engraçada

Enquanto possuo este vermelho de nada

E você diz que é vermelho da língua

Língua esclarecida

Em falas emudecidas

Que a própria língua cala

Então faço este poema por nada

Para nenhuma agradecida cara

Para nenhum muito obrigado receber

Pois hoje pareceu o dia da fruta dissolver

Mas não mastiguei a bala que quase pousou na saliva

Nem pela língua ou risada louca

Nem pela boca

Nem pelo vermelho

De nenhuma voz rouca

O que será que quis dizer com a língua?

Que a voz não denuncia?

O que será que quis dizer com o papo dos lábios vermelhos?

O que será que eu quis dizer com essas indagações tolas?

Você não me viu no pomar entre as maçãs

Você não me confundiu com nenhuma laranja

E eu não tinha passado batom nenhum

Você pensou que o dia era branco?

Eu pensei que hoje

Eu tinha sentido o sabor

Da bala de melão

Que havia mastigado

Ontem.

Mas hoje não passa de um dia bom

Para tirar poeira das letras

Por isso este espirro

Letras são assim...

Ou você pensou que o dia era branco?

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 03/12/2008
Código do texto: T1316244
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