O CÃO, O GATO E O GALO

O poeta

Traz o poema

À corrente

A latir rimas

Obediente...

A abanar o rabo.

Deita-o às pontuações

Que põe-no a coçar-se

Incômodo às pulgas!

E sua mão sem cão

Indecisa em escrita

Enrosca-se.

E do enroscar-se

Salta

Em gato repentino

A deixar às esfregadas

Peles das palavras

Uma calma proximidade

Pondo-as a ronronar

Não em precisas rimas

Porém a saltá-las

Deixando-as aos paus

E às pedras.

E lá se vão elas

Em versos

Ao distar que se dista

O longe...

E deste: ao léu

A deitarem-se no ar

Num deitar-se largado

Ao chão que do papel

Sabem-se...

E o já de poemas

A esticá-las todas

Ao caber espreguiçado

Com que letras

Aos sofás

Apalavram-se

E aí tremem

A temerem o fim.

No que prossegue

A mão saltitante

Uma linha

Que do horizonte

Põe a nascer

Um sol que galo

Em rubra garganta

Reflexo canta

Todo em manhã

Neste escrito que aceita:

O ponto final.

DA MONTANHA
Enviado por DA MONTANHA em 28/11/2008
Reeditado em 28/11/2008
Código do texto: T1307562
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