O CÃO, O GATO E O GALO
O poeta
Traz o poema
À corrente
A latir rimas
Obediente...
A abanar o rabo.
Deita-o às pontuações
Que põe-no a coçar-se
Incômodo às pulgas!
E sua mão sem cão
Indecisa em escrita
Enrosca-se.
E do enroscar-se
Salta
Em gato repentino
A deixar às esfregadas
Peles das palavras
Uma calma proximidade
Pondo-as a ronronar
Não em precisas rimas
Porém a saltá-las
Deixando-as aos paus
E às pedras.
E lá se vão elas
Em versos
Ao distar que se dista
O longe...
E deste: ao léu
A deitarem-se no ar
Num deitar-se largado
Ao chão que do papel
Sabem-se...
E o já de poemas
A esticá-las todas
Ao caber espreguiçado
Com que letras
Aos sofás
Apalavram-se
E aí tremem
A temerem o fim.
No que prossegue
A mão saltitante
Uma linha
Que do horizonte
Põe a nascer
Um sol que galo
Em rubra garganta
Reflexo canta
Todo em manhã
Neste escrito que aceita:
O ponto final.