AÍ EU ME CALO
Eu as vezes penso e calo/
E vejo por medo de sentir aquele sentimento/
Absurdo quando eu saio do brejo/
E quero partir, e fico surdo/
E tenho desejos e quero sorrir/
E calar me denuncia,/
E anuncia as multidões,/
As razões de minhas súplicas./
E de dentro de mim, salta o silêncio que me anuncia,/
Então eu me renuncio/
E fujo, e reajo é absurdo,/
Mas reajo as minhas puras tristezas/
Que vão me frustrando/
Aí eu me afogo naquelas mesmas súplicas/
Que eu fugi antes de calar,/
Antes de cair no brejo, antes de pensar/
E percebo que é mais fácil lutar/
E luto, e venço e me realizo como gente/
Depois caio como um animal ferido,/
E me denuncio e renuncio ao medo/
Aceito o desprezo como normal/
E acho legal e me venero e me desejo/
E me perco, e penso, e calo/
E vejo e vejo que caí de novo/
Vejo que não é mais medo, é cansaço/
E o tremor das pernas ,me fazem tombar/
E eu choro e corro pelo mundo/
E vejo a magia da vida/
Me alegro, me comando, e venço,/
Vencendo, me sinto, sentindo, me vejo/
Me vendo, me calo, calando, eu caio,/
Caindo, eu cresço crescendo, sou forte/
E abro o jardim vendo as flores do meu coração,/
E retiro a ultima gota/
E a gota de orvalho me eleva/
E os espinhos me comem/
A flor morre eu vivo/
Me calo, morro, caio,/
Amo me levanto e choro/