AÍ EU ME CALO

Eu as vezes penso e calo/

E vejo por medo de sentir aquele sentimento/

Absurdo quando eu saio do brejo/

E quero partir, e fico surdo/

E tenho desejos e quero sorrir/

E calar me denuncia,/

E anuncia as multidões,/

As razões de minhas súplicas./

E de dentro de mim, salta o silêncio que me anuncia,/

Então eu me renuncio/

E fujo, e reajo é absurdo,/

Mas reajo as minhas puras tristezas/

Que vão me frustrando/

Aí eu me afogo naquelas mesmas súplicas/

Que eu fugi antes de calar,/

Antes de cair no brejo, antes de pensar/

E percebo que é mais fácil lutar/

E luto, e venço e me realizo como gente/

Depois caio como um animal ferido,/

E me denuncio e renuncio ao medo/

Aceito o desprezo como normal/

E acho legal e me venero e me desejo/

E me perco, e penso, e calo/

E vejo e vejo que caí de novo/

Vejo que não é mais medo, é cansaço/

E o tremor das pernas ,me fazem tombar/

E eu choro e corro pelo mundo/

E vejo a magia da vida/

Me alegro, me comando, e venço,/

Vencendo, me sinto, sentindo, me vejo/

Me vendo, me calo, calando, eu caio,/

Caindo, eu cresço crescendo, sou forte/

E abro o jardim vendo as flores do meu coração,/

E retiro a ultima gota/

E a gota de orvalho me eleva/

E os espinhos me comem/

A flor morre eu vivo/

Me calo, morro, caio,/

Amo me levanto e choro/

luiz machado
Enviado por luiz machado em 28/11/2008
Código do texto: T1307484
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