SONHADOR DE ESTRELAS
Jamais abracei a realidade,
é fumaça, arde, sufoca, esvanece;
acordo sempre na manhã dos pensamentos, desejada;
o sol ilumina, aquece, não queima.
Na sombra da noite
enchi as cisternas da sede
com chuva de orvalhos
gotejados por estrelas cadentes.
Procurei abrigo do inverno
no calor amigo do frio das pedras
sem crer nos que pregam o inferno
adulam dobres douro, ignoram o fraterno.
Flores, pássaros e riachos a cantar
na solidão da lua, inspiram orquestras
cantilenas de grilos e vaga-lumes;
no outeiro de estrelas a fervilhar
formigas dançam ao som do luar.
São as montanhas e montes
que dão cria aos rios
fecundam nuvens e ventos.
Para quê buscar tesouros efêmeros
se podemos sonhar as estrelas?
Podem aprisionar nosso corpo
não nossa liberdade de sonhar!
Sonhos viajam além de toda realidade.
Havemos crer na realidade dos sonhos
sem degustar seu sabor
assim, garantimos a eternidade.
A consciência da existência
compreende a razão do ser.
O pensar constrói sonhos;
pensar, sonhar, é poder.
Sonho é uma realidade
que não precisa ser apr(e)endida.
Buscamos o encontro próprio
para nossa volta às estrelas.
(Do Livro inédito "RASTROS" - 2004/2008)